Há alguns anos, fiz um caderno de leituras e foi o prazer de preenchê-lo que me motivou a ler todos os dias. Assistindo ao vídeo sobre o caderno de leituras da Tatiana Feltrin sobre caderno de leituras dela, resolvi copiar a ideia. Infelizmente, não sei aonde foi parar esse caderno. Para fazer o caderno, usei uma agenda antiga sem uso. Colei um papel de presente bonitinho na capa e foi isso. O caderno tinha as seguintes divisórias:
- Livros que quero ler;
- Livros lidos;
- Livros novos;
- Diário de leitura.
Não me recordo se havia uma parte para projetos de leitura.
A parte mais importante era a do diário. Vamos supor que eu fosse começar a ler o 3º volume dos diários de Virginia Woolf e que eu quisesse fazer essa leitura em 30 dias, ou seja, um mês. Primeiro, preciso ver o total de páginas preciso ler por dia.
1 - Para isso, considero apenas o diário de Woolf, ou seja, prefácio, nota da tradutora (Ana Carolina Mesquita) e qualquer texto que não seja o diário em si.
526-24 = 502 páginas.
2 - Calculo quantas páginas preciso ler por dia para completar a leitura em 30 dias.
502 ÷ 30 = 17 páginas, aproximadamente.
Vamos supor que hoje, comecei a leitura na página 86 e li apenas 10 páginas. No caderno, anoto:
17/11 - Diário de Virginia Woolf até página 76.
Portanto, amanhã, dia 18/11, tenho que ler 17 + 7, ou seja, 24 páginas.
Não sei se ficou claro. Passei quase um ano fazendo isso até que ler todos os dias se tornou algo normal e até necessário para mim. Mesmo com a mais insana das enxaquecas, leio nem que seja um parágrafo por dia. Lembrando que ninguém é obrigado a nada, ok?
Mas agora, voltando à versão atual do meu caderno de leituras.
Eu tenho um caderno argolado da linha Cotton da Ótima Gráfica que comprei há um tempo e estava com pena de usar. Há alguns dias me ocorreu que eu poderia usá-lo como caderno de leituras. Assim, ele me acompanharia durante toda a vida. Diga se esse caderno não é lindo? Ele tem o tamanho colegial, ou seja, 17 X 24 cm, capa em tecido. Não é lindo?!
| caderno argolado Otima Grafica |
Mais uma vez, a ideia não é minha. Circulou pelo Instagram o caso de um senhor que faleceu e deixou um caderno com todas as leituras que ele fez (e registrou) na vida. Resolvi copiá-lo.
Configurei meu caderno de leitura da seguinte forma:
- Livros Lidos;
- Livros novos;
- Releituras;
- Notas;
- Projetos de leituras.
Acho que a única sessão que preciso explicar é a de notas, certo?
A ideia não é fazer textos longos, resenhas críticas, mas captar o que aquela leitura me causou. Essa ideia está comigo desde que estive no evento Literatura Inglesa Brasil que ocorreu em agosto de 2025 na UERJ. Em uma das mesas, o mediador perguntou aos apresentadores qual foi a primeira impressão, o que sentiram ao lerem Mrs. Dalloway de Virginia Woolf pela primeira vez. Eu tentei resgatar esse momento, esse sentimento. A única coisa que lembro é que eu me desafiei a lê-lo porque todo mundo dizia que era um livro difícil, e que ao lê-lo não senti dificuldade de compreender a obra. Também lembrei de uma aula de historiografia na qual o professor retomou um trecho de Escrever a leitura de Roland Barthes no livro O rumor da língua:
Nunca lhe aconteceu, ao ler um livro, interromper com frequência a leitura, não por desinteresse, mas, ao contrário, por afluxo de ideias, excitações, associações? Numa palavra, nunca lhe aconteceu ler levantando a cabeça? (BARTHES, 2004, p.26)
Ou seja, nas notas de leitura quero anotar o que penso quando um livro me faz levantar a cabeça e reler esse relato anos depois. Eu comecei a fazer isso no meu diário íntimo, mas é muito mais fácil achar num caderno específico. Eu sei que você deve estar pensando: por que não faço isso no digital? Porque quero sair um pouco do digital. A gente já passa tanto tempo em frente a telas. Além disso, é uma desculpa para usar mais cadernos. E eu já fiz isso no digital. Tanto no Notion quanto no Capacities. Você pode assistir o vídeo em que mostro como cataloguei a minha biblioteca. Mas, para resgatar as leituras desde 2014, precisei recorrer ao Skoob (não uso mais, mas o registro está lá) e ao Goodreads (ainda uso).
Depois eu volto para contar como está o caderno.
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